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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Inimigo: Eu


Quando a luz do semáforo fica verde, quase que instantaneamente o carro de trás aciona a buzina, trazendo Daniel de volta ao mundo real. Sentindo uma raiva imediata ele olha pelo retrovisor para identificar o desgraçado impaciente que não sabe esperar por dois segundos, ou pelo menos é isso o que ele pensa e nem percebe que ele próprio está com paciência zero. Em grande parte, seu nervosismo se deve ao fato de que sua cabeça ainda estava relembrando os fatos do dia. Apesar de já trabalhar na perícia criminal há mais de 10 anos, ele nunca se sente realmente impassivo quando vê certas cenas de crimes, principalmente quando envolve crianças. 

Naquele dia, em especial, ele foi periciar um local onde duas crianças haviam sido mortas pela madrasta, que também se matou. Para as crianças ela usou uma faca de cozinha, guardando para si própria a única bala de revólver que tinha. Apesar do próprio crime em si ser bárbaro, o que lhe chamou a atenção foi a impressão de ter visto um homem sentado no canto da sala logo que ele entrou. O homem vestia um sobretudo preto e não possuía um rosto, apenas uma mancha extremamente escura ocupava o lugar de sua face. Este homem, ele viu de relance com sua visão periférica e mesmo tendo ele desaparecido tão logo ele tenha virado a cabeça, Daniel ainda se sentiu como se estivesse sendo observado durante todo o tempo que esteve ali. Foi no meio deste devaneio que o desgraçado do motorista do carro de trás resolveu acionar a buzina, não só trazendo-o de volta ao mundo real mas lhe dando um susto dos infernos.

Depois que a raiva momentânea passou, novos devaneios voltam a tomar conta de sua mente quando o celular vibra no seu bolso fazendo-o tomar um novo susto - Porra! Porque que fabricam celulares com uma vibração forte desse jeito! - esbraveja ele sozinho, enquanto pega o aparelho no bolso e atende.

- Detetive Rafael! A que devo honra? - diz em tom de brincadeira.
- Engraçadinho... Daniel? Preciso de você aqui.
- Certo. - responde Daniel já um pouco apreensivo - Aqui, onde?
- Ah, sim. - diz ele meio desconcertado - Avenida Nikola Tesla, número 23.
- O que aconteceu?
- Um estupro seguido de morte....
- Estupro? - diz Daniel num tom de indignação - porque não manda outro perito qualquer?
- Daniel, - responde Rafael num tom de voz calmo - preciso que você veja este corpo. Você vai querer ver este corpo. Acredite em mim.
- Tudo bem, eu estou agora no final da Ernest Rutherford. Devo chegar aí em cerca de meia hora. - disse já desligando o telefone.

Estava chovendo quando Daniel chegou à rua indicada e pôde ver de longe as luzes das viaturas em frente à casa. Ele estacionou o carro, suspendeu a gola do casaco que vestia, pegou a maleta metálica onde carregava todos os acessórios que usava nas perícias e abriu a porta. Um policial veio até ele e emprestou-lhe um guarda-chuva.

- Boa tarde, Daniel. - disse o policial sorrindo.
- Boa tardeee... policial Renato - disse Daniel enquanto olhava o nome do policial em sua farda - Obrigado pelo guarda-chuva.
- Que nada, é um prazer. - respondeu o policial, sorrindo - Eu li a matéria que saiu sobre o senhor no jornal da semana passada. Foi realmente fantástico como levantou todas as provas daquela maneira e prendeu aquele maníaco. O senhor é um herói!
- É só o meu trabalho, amigo - disse ele, dando um leve tapa no ombro do policial - Não tem heroísmo nisso. Eu faço e recebo meu salário, só isso.

A porta da casa estava aberta. Em sua frente um policial corpulento montava guarda. Ele o cumprimentou, mostrou sua identificação de perito e entrou. A casa estava em perfeita ordem. Nada fora do lugar. Nem parecia que um crime havia acontecido ali. No sofá da sala estava sentado o detetive Rafael.

- Você chegou rápido! - disse Rafael apagando o cigarro na mesa de centro da sala enquanto levantava.
- Quando é que você vai parar de fumar essa porcaria?
- Olá, Daniel! É muito bom ver você também! - disse em tom sarcástico.
- Certo. - respondeu Daniel apertando a mão de Rafael - É que meu dia não foi muito bom.
- E não foi muito bom também para a mulher que está no quarto - disse apontando para a porta do quarto.
- Sim. Me fale sobre o que você já viu.
- Muito bem. - respondeu Rafael enquanto gesticulava com a mão indicando para Daniel segui-lo - Assim que chegamos notamos que a casa estava toda arrumada e que aparantemente não faltava nada, logo não parecia tratar-se de um latrocínio. Nem havia sinais de arrombamento.

- É. Eu também notei que a casa está em perfeita ordem. Então a vítima conhecia o agressor...
- Parece que sim. Ou então alguma coisa fez com que ela abrisse a porta. Supomos tratar-se de um estupro pelo fato da vítima estar sem a parte de baixo da roupa, deitada de bruços sobre a cama. - disse Rafael apontando para o cadáver sobre a cama.
- Sim, estou vendo, mas porque você mandou me chamar?
- Dê uma olhada nas mãos dela.

Daniel aproxima-se do corpo enquanto coloca suas luvas de borracha para não contaminar a cena com suas digitais e pega o braço direito da vítima.

- Arrancaram o polegar dela? Porque fariam isso?
- Ah, meu amigo. Foi por isso que te chamei. Quero que você me conte uma história! - disse Rafael sorrindo.
- Hum. O corte foi bastante preciso - disse enquanto observava - cortaram direto na junta entre os ossos. Não acredito que a pessoa não soubesse o que estava fazendo.
- O que você quer dizer com isso? - Perguntou Rafael.
- Eu não quero, eu estou dizendo que o corte foi preciso, oras! - respondeu ele um pouco irritado.
- Sim, o que mais?
- Você pode me deixar trabalhar em paz?
- Tá bem, porra! - disse Rafael levantando as mãos e saindo do quarto.

Agora sozinho no quarto, Daniel dá um suspiro e continua seu trabalho, fotografando o corpo e buscando por evidências ao seu redor. Existem marcas ao redor do pescoço da vítima, indicando um possível estrangulamento. Busca por impressões digitais mas não encontra nada. Tudo está impecavelmente limpo. Os móveis, roupas, enfeites, tudo no seu devido lugar. Algum tempo depois, enquanto está se preparando para ir embora ele percebe uma pequena mancha brilhante no chão. Daniel abre novamente sua maleta e usando um bastão com um pequeno chumaço de algodão na ponta ele recolhe o material. Com uma rápida aproximação do nariz ele percebe que o material que acabou de recolher é esperma. Ele recoloca o bastão no tubo plástico, fecha e guarda na maleta.

- Terminou? - pergunta Rafael entrando pela porta.
- Já terminei sim. Preciso voltar pra central. Vou descarregar as fotos e depois vou analisar os dados que coletei aqui.
- Certo. Vou mandar recolher o corpo para o legista.
- Tudo bem. Eu já terminei por aqui. Depois me passe uma cópia do relatório do legista para confirmação da agressão sexual e da causa da morte. Eu encontrei umas marcas no pescoço da vítima e acho que ela foi estrangulada.
- Hum. Tudo bem. Depois que você tiver digerido seus dados científicos voltamos a conversar sobre esse caso. - diz Rafael sorrindo. Daniel apenas vira-se sem dizer nada, apanha o guarda-chuva que deixou apoiado perto da entrada e sai pela porta da frente.

Já é tarde da noite quando Daniel chega à central. Ele passa no laboratório e encontra apenas seu amigo Bruno sozinho. Ele dá uma batida no vidro com as costas da mão para lhe chamar a atenção.

- Daniel? Você por aqui uma hora dessas? - diz Bruno suspendendo a sobrancelha.
- Tudo bem, Bruno?
- Tudo bom, meu velho. Diz aí, no que posso te ajudar?
- Queria te pedir um favor, meu caro.
- Pode falar! - responde Bruno.
- tenho essa amostra de material aqui e precisava que você tirasse o perfil de DNA pra que eu possa fazer uma pesquisa. - diz Daniel mostrando-lhe o tubo com a vareta dentro.
- Mas esse material nem foi registrado ainda como evidência - diz Bruno observando a falta de etiquetas.
- É, eu sei. É que eu cheguei meio tarde aqui e não encontrei ninguém pra dar entrada. Estou curioso a respeito dessa amostra. Dá pra fazer?
- Dá sim, tudo bem. Mas só vou poder lhe entregar o resultado amanhã de manhã. Esse tipo de perfil leva um tempinho pra ficar pronto.
- Não tem problema. Eu vou pra minha sala transferir umas fotos pro servidor e depois vou pra casa. Amanhã a gente se fala.
- Ok.

Daniel chega ao andar onde sua sala fica e encontra tudo muito deserto. Ele abre a porta de sua sala, entra, e joga-se na cadeira soltando um suspiro. Coloca a maleta sobre a mesa, retira de dentro dela a máquina fotográfica e conecta-a ao computador para subir as fotos para o servidor. Ele sente vontade de ver as fotos que tirou, mas o cansaço fala mais alto. Na verdade ele não sabe porque se sente tão cansado. Tenta imaginar o motivo, mas logo desiste e resolve desligar tudo e ir para casa.

Em sua casa, um modesto apartamento quarto e sala, no terceiro andar de um prédio da rua J.J. Thomson que ele divide com ninguém, Daniel coloca sua pasta sobre o sofá e vai ao armário da cozinha pegar uma garrafa de Johnnie Walker Red Label e um copo. Ele senta no sofá, coloca o copo sobre a mesinha de centro, abre a garrafa e quando vai encher o copo ele percebe que não pegou o gelo. Quer saber? Dane-se - pensou - e resolveu tomar o whisky cowboy mesmo. Enquanto bebia ele ficava pensando naquele homem de sobretudo preto que viu mais cedo. Ficou pensando e acabou adormecendo ali mesmo, com o copo na mão.

Daniel sonhou. Sonhou um sonho que na verdade era um pesadelo. Nele, o homem de sobretudo preto ria e ele, de arma em punho, dizia para ele parar. Daniel fez vários disparos em direção ao rosto daquele homem, mas nada acontecia. Ele continuava a rir. Subitamente ele acorda com um susto. O copo acabou virando e derramando a bebida em sua calça. Daniel se levanta e vai ao banheiro tomar banho.

O dia está claro novamente e Daniel chega em sua sala para mais um dia de trabalho. Rafael bate em sua porta e entra.

- Bom dia! - diz ele sorrindo e de braços abertos.
- Bom dia... Qual o motivo de tanta alegria?
- Hum.. Nada não. Apenas acordei de manhã e vi que estava vivo.
- Ah. Fala sério, Rafael. - diz Daniel com um sorriso sarcástico.
- Sério mesmo! Nosso trabalho é ficar o dia todo vendo gente morta. Eu me sinto feliz por estar vivo mais um dia.
- Certo. Tá bom.
- Alguma novidade no caso? Você disse que ia estudar os dados que coletou.
- É. Eu dei uma olhada ontem de noite, mas estava muito cansado e acabei indo dormir. Mesmo assim, acho que já podemos montar um perfil do assassino com base no que temos. Ah! Eu já ia me esquecendo de dizer. Ontem quando estava indo embora eu encontrei... - nesse momento o celular de Rafael toca.
- Alô! - diz ele atendendo o telefone e fazendo sinal para Daniel esperar, enquanto sai da sala para falar. Daniel consegue vê-lo gesticulando através do vidro. Depois de uns 2 minutos ele bate novamente à sua porta e abre.
- Preciso sair agora. Depois conversamos.
Rafael sai da sala enquanto a mola automática fecha a porta atrás de si. Cinco segundos depois ele volta.
- Toma.  - diz ele jogando-lhe um envelope. - Bruno pediu que te entregasse. Quase esqueci. - e sai da sala novamente.

Daniel rompe o lacre do envelope e vê que dentro dele está o perfil de DNA que ele pediu que fosse retirado da amostra de esperma. Ele posiciona a página no scanner e aciona o programa de comparação com a base de dados. Alguns segundos se passam e quando o resultado salta em sua tela, ele sente um arrepio profundo subir-lhe pela espinha e uma súbita sensação de horror lhe toma conta.

Na tela do seu computador, o programa aponta que o perfil do DNA da amostra corresponde ao seu próprio.

[Continua...]

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Banshee




Banshee é um ente fantástico da mitologia celta (Irlanda) que é conhecida como Bean Nighe na mitologia escocesa.O termo origina-se do irlandês arcaico "Ben Síde", pelo irlandês moderno "Bean sídhe" ou "bean sí", significando algo como "fada mulher" (onde Bean significa mulher, e Sidhe, que é a forma possessiva de fada). Os Sídh são entidades oriundas das divindades pré-cristãs gaélicas. Encontramos algumas semelhanças entre a Banshee e a Moura encantada portuguesa e galega.As Banshee provêm da família das fadas, e é a forma mais obscura delas. Quando alguém avistava uma Banshee sabia logo que seu fim estava próximo: os dias restantes de sua vida podiam ser contados pelos gritos da Banshee: cada grito era um dia de vida e, se apenas um grito fosse ouvido, naquela mesma noite estaria morto.
Tradicionalmente, quando uma pessoa de uma aldeia irlandesa morria, uma mulher era designada para chorar no funeral. Nós usamos a palavra carpideira. Mas, as banshees só podiam lamentar para as cinco maiores famílias irlandesas: os O'Neills, os O'Briens, os O'Connors, os O'Gradys e os Klatte's no caso, uma fada era responsável por cada família. Seria o choro da mulher-fada. Essas mulheres-fadas apareceriam sempre após a morte para chorar no funeral. Conta a lenda que quando um membro de uma dessas famílias morria longe de sua terra, o som da banshee gemendo seria o primeiro aviso da morte.
Também se diz que essas mulheres, chamadas de fadas, seriam fantasmas, talvez o espírito de uma mulher assassinada ou uma mulher que morreu ao nascer. Na Irlanda se acredita que aqueles que possuem o dom da música e do canto, são protegidos pelos espíritos; um, o Espírito da Vida, que é profecia, cujas pessoas são chamadas "fey" e têm o dom da Visão; o outro, o Espírito da Maldição que revela os segredos da má sorte e da morte, e para essa trágica mensageira o nome é Banshee.Sejam quais forem suas origens, as banshees aparecem principalmente sob um dos três disfarces: uma jovem, uma mulher ou uma pessoa esfarrapada. Isso representa o aspecto tríplice da deusa Celta da guerra e da morte, chamada Badhbh, Macha e Mor-Rioghain. Ela normalmente usa uma capa com capuz cinza, ou uma roupa esvoaçante ou uma mortalha. Ela também pode surgir como uma lavadeira, e é vista lavando roupas sujas de sangue daqueles que irão morrer. Nesse disfarce ela é conhecida como bean-nighe (a lavadeira). Segundo a mitologia celta, também pode aparecer em forma de uma jovem e bela mulher, ou mesmo de uma velha repugnante. Qualquer que seja a forma, porém, sua face é sempre muito pálida como a morte, e seus cabelos por vezes são negros como a noite ou ruivos como o sol.
O gemido da Banshee é um som especialmente triste que parece o som melancólico do uivo do vento e tem o tom da voz humana além de ser audível a grande distância. Embora nem sempre seja vista, seu gemido é ouvido, usualmente a noite quando alguém está prestes a morrer. Em 1437, se aproximou do rei James I da Escócia, uma vidente ou banshee que profetizou o assassinato do rei por instigação do Conde de Atholl. Esse é um exemplo de banshee em forma humana.
Existem muitos registros de diversas banshees humanas ou profetizas que atendiam às grandes casas da Irlanda e às cortes dos reis locais. Em algumas partes de Leinster, se referem a elas como bean chaointe (carpideira) cujo lamento podia ser tão agudo que quebrava os vidros.
É bom lembrar que a banshee pertence exclusivamente ao povo Celta. Ela jamais será ouvida a anunciar a morte de qualquer membro de outras etnias que compõem a população irlandesa.
A banshee também pode aparecer de várias outras formas, como um corvo, um arminho, uma lebre ou uma doninha – animais associados, na Irlanda à bruxaria.


Curiosidades : No livro de J. K. Rowling autora de Harry Potter o bicho-papão de Simas Finnigan é uma Banshee.

Banshee é o codinome de um dos mutantes dos X-men com poderes sonoros sobre-humanos

Na série de televisão americana Charmed , uma banshee são uma raça rara de demônios com cabelo branco distintivo e um grito agudo - audível apenas para cães e sua pretensa vítima - que pode estourar vidro e vasos sanguíneos, matando um mortal, ou transformar uma bruxa pré-dispostos a dor emocional em uma banshee.