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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Minha Escuridão


É noite. Uma noite de uma escuridão muito profunda. O céu está completamente coberto de nuvens e mal dá pra ver a luz da lua. Chove muito. Um vento gelado faz arrepiar todos os pelos do corpo completamente molhado de Thomas. Ele foge. As ruas estão muito mal iluminadas e monstros o perseguem pela escuridão. Monstros que ele pode ver à espreita em todos os cantos. Não há pessoas na rua, está tudo deserto, mas é possível ver o vermelho cintilante dos olhos das bestas nos cantos escuros e becos. A luz do poste sobre sua cabeça se apaga e ele ouve um rosnado muito próximo de si. Ele corre, mas a cada poste que chega a sua luz se apaga. Alguma coisa o persegue, dá pra ouvir o peso dos passos da besta. Quase dá pra sentir o bafo da respiração daquele mostro que corre em seu encalço. Thomas grita, mas seu grito sai mudo. As casas ao redor estão com as luzes apagadas, como se não houvesse ninguém naquela cidade maldita.

Sentindo muito frio ele procura desesperadamente um lugar onde possa fugir. Thomas olha para a direita e consegue ver um prédio com aparência muito antiga. Há luz em seu interior e a porta está aberta. A luz sempre afasta aqueles demônios, ele sabe disso. Desde pequeno é assombrado por estas criaturas da escuridão e estava cansado de fugir. Cansado de viver com medo das trevas. Ele corre o mais rápido que consegue, entra no edifício e bate a porta atrás de si com toda a violência, trancando-a.

Por um instante ele fica segurando a porta fechada com as duas mãos e tenta ouvir o que está acontecendo do lado de fora, mas ouve somente seu próprio coração batendo violentamente no peito, sua respiração e o barulho da chuva forte batendo na janela. Ele se vira, apoia as costas na porta e deixa seu corpo escorregar até sentar-se no chão. Sua respiração ainda é ofegante e por isso resolve descansar um pouco ali e explorar um pouco mais aquele lugar. Um brilho muito forte invade as janelas do local, seguido de um estrondo ensurdecedor - Um raio! - pensou. Imediatamente todas as luzes do local se apagam. A energia foi embora.

Thomas sente um frio muito profundo subir-lhe pela espinha e experimenta o medo em sua forma mais pura. O local está tomado pelas sombras e os monstros, agora, estavam à espreita. Ele se levanta e vai ate a janela mais próxima. Não há cortinas. A água da chuva bate violentamente no vidro e escorre numa cascata torrencial. Não é possível ver nada por causa do escuro e por isso prefere ficar ali mesmo, onde pelo menos a chuva não o molha mais. Apesar do medo que sente ele resolve procurar por alguma coisa que possa iluminar aquele local. Lembra-se do celular e enfia a mão no bolso à sua procura, mas o que encontra é um objeto retangular completamente molhado e inútil. - Merda! - resmunga para si. Sem nada para iluminar seu caminho, resolve ir andando tateando pela parede.

Enquanto caminha ele ouve um animal rosnando. O rosnar ainda está longe, mas bastante audível e se aproxima mais à medida que ele caminha. Ele sente um cheiro de mofo no ar daquele lugar, como se ele estivesse fechado há bastante tempo e sente também um pouco de umidade nas paredes. O rosnado se aproxima e Thomas se sente cada vez mais aflito. Ele tenta caminhar o mais silenciosamente possível, mas sabe que aquelas criaturas malditas, tal como os cães, podem sentir o seu cheiro. Algumas tábuas no chão rangem com o seu caminhar o que faz o rosnar se aproximar um pouco mais. Seu coração acelera, sua respiração fica mais ofegante. Finalmente ele encontra uma porta. Ela não está fechada, apenas encostada. Ele empurra a porta e entra rapidamente, fechando-a atrás de si segurando a maçaneta, evitando o barulho do clique. Thomas respira fundo e solta o ar devagar para se acalmar.

Ele tateia pela sala, já que não consegue ver absolutamente nada, e percebe que nela há uma mesa do lado esquerdo ao lado da porta, e que à frente desta mesa há uma janela de vidro. Passa as mãos pela mesa, tentando encontrar algo que possa usar para iluminar o lugar e encontra uma gaveta. Dentro da gaveta é possível sentir que há uma pistola. Ele sabe que é uma pistola porque ela não tem um tambor. Ao lado da pistola, um pente carregado. Tateando, dá para perceber que a pistola está sem o pente, então Thomas insere o pente na cavidade do cabo até sentir o clique da trava e puxa o slide para introduzir uma munição na câmara da pistola. Enfia a arma na cintura da calça que veste, continua tateando pela mesa e encontra uma outra gaveta abaixo daquela. Dentro desta gaveta ele consegue sentir uma faca. Não tem mais nada além da faca e não dá para simplesmente enfiar uma faca no bolso. Ele a apoia em cima da mesa para decidir o que fazer em seguida.

Thomas continua pesquisando aquela sala escura e segue avançando por ela. Mais um pouco ao fundo ele sente que existe uma espécie de estante de aço. Ele sente o frio do metal com as pontas dos dedos e os percorre por aquelas prateleiras geladas. Sua mão toca em algo. Algo com formato cilíndrico. Sim! É uma lanterna! Infelizmente ela não funciona. Por estar leve demais ele logo supõe que faltam-lhe as pilhas. Mas onde diabos ele iria encontrar pilhas numa sala completamente escura? Não é necessário procurar muito. Não muito longe de onde a lanterna estava ele consegue sentir dois objetos cilíndricos menores frios ao toque, indicando que seriam metálicos. Desta vez, porém, ao tentar pegá-los, os objetos acabam rolando pela prateleira e caem no chão à sua frente - Era tudo o que me faltava - pensa ele abaixando-se imediatamente para tentar encontrar as pilhas. Uma brisa fria passa por sua nuca e o faz parar. Não é possível ouvir barulho algum. Thomas sente os pelos do corpo se arrepiarem, sente uma presença na sala, não pode ver nem ouvir nada mas ele sabe. Ele não está sozinho.

A procura pelas pilhas segue agora num ritmo frenético, quase desesperado, era necessário iluminar aquela sala ou então a morte o esperava de braços abertos. Suas mãos tocam em algo no chão e ele logo percebe que encontrou as pilhas. Rapidamente ele abre o compartimento traseiro da lanterna e introduz as pilhas ali, sentindo o polo positivo com a ponta do dedo. Fecha o compartimento e se levanta acionando o botão para acender a lanterna. Uma forte luz é projetada em direção ao teto e Thomas sente o coração congelar ao ver que em sua frente, não mais do que alguns centímetros, um daqueles monstros está olhando fixamente em seus olhos. Subitamente, num impulso, sua mão vai até a cintura pega a pistola e numa velocidade incrível ele aponta e dá um tiro abaixo do maxilar daquela criatura, estourando a parte de cima de sua cabeça. O barulho do disparo é ensurdecedor e o faz fechar os olhos. Uma massa de cor negra de odor fétido se espalha pelas paredes e pelo teto da sala.

Thomas se abaixa e se encolhe no canto da sala logo atrás de si por alguns instantes, enquanto o zunido no seu ouvido vai diminuindo gradativamente. Sua respiração está extremamente ofegante, fazendo o feixe de luz da lanterna que ele aponta para a porta tremer. Após se acalmar um pouco o zunido em seu ouvido desaparece e ele volta a ouvir um silêncio ensurdecedor. Levanta-se e resolve vasculhar o restante da sala. O mau cheiro vindo daquele monstro morto à sua frente o obriga a usar a camisa para proteger o rosto. Ele se vira. Ao lado da estante de metal há um arquivo, também metálico. Ele tenta abrir a primeira gaveta, mas ela está trancada. Tenta a segunda, mas também sem sucesso. A terceira gaveta, porém, abre sem nenhum esforço. Dentro dela só existe uma pasta suspensa e mais nada. A pasta não possui rótulo e esta vazia. Segurando a pasta na mão uma ideia lhe vem à mente como num lampejo.

Thomas se vira e retorna à mesa onde apoiou a faca há poucos instantes. Ele apoia a pasta na mesa e fica encarando os dois. Logo ele começa a rasgar a pasta suspensa, dobrando o papelão em alguns lugares, usando a faca como molde e acaba por criar uma bainha de papelão, mas como não tem uma fita adesiva para segurar o papelão no lugar, decide prender seu origami na meia, que apesar de estar molhada, ainda está bem justa ao seu tornozelo. Ele suspende a perna da calça, estica um pouco a meia e ajusta a faca com a bainha ali, baixando a perna da calça em seguida. O mau cheiro está ficando insuportável e ele precisa sair daquela sala. Passa com muito cuidado por cima do corpo que jaz sem vida à sua frente, abre a porta com muito cuidado e sai fechando-a atrás de si, novamente evitando o clique segurando a maçaneta.

Agora armado, ele segue pelo corredor segurando a pistola com uma mão e a lanterna com a outra ambas apontando para a frente. Segue avançando lentamente, evitando fazer barulho. Um rosnado recomeça baixo à sua frente. Ele não consegue saber a distância exata, mas percebe que ainda está longe dele. Thomas começa a ficar nervoso e acelera um pouco os passos procurando um lugar para se proteger. Os corredores daquele lugar não lhe oferecem proteção alguma. Ali ele se sente completamente vulnerável. O feixe da lanterna ilumina uma porta à sua esquerda e imediatamente ele vai até ela. A porta, entretanto, está trancada e ele precisa seguir em frente. O corredor termina e ele se vê numa espécie de saguão. Para frente há um novo corredor e dos lados, escadarias levam para o pavimento superior.

Enquanto iluminava a escada, Thomas não percebe a besta que avança em sua direção, acertando-lhe um golpe violento. Seu corpo é projetado para direita e bate com força nos primeiros degraus da escada. A lanterna solta de sua mão e cai virada para ele, ofuscando sua visão. Uma dor lancinante percorre seu corpo e o desespero toma conta de si quando ele percebe o rosnado forte se aproximando dele. Sem conseguir ver direito e em completo desespero, Thomas dá três tiros na direção do rosnado. Ele ouve um baque abafado, como um corpo que cai e o barulho cessa.

Com um certo esforço ele se levanta, pega a lanterna no chão e aponta para o lugar onde o monstro estava. Um mau cheiro começa a tomar conta do ar e diante de si está o corpo daquela criatura já sem vida. Ele resolve subir as escadas e procurar no andar superior por algum lugar para se esconder até o dia amanhecer. Após subir dois lances de escada, Thomas se vê novamente diante de um corredor que se estende para ambos os lados. Porém diante dele há uma porta. Ela também está trancada, mas possui uma janelinha de vidro. Ele resolve quebrar o vidro com a coronha da arma, enfia o braço e destranca a trava da porta. Com a ajuda da lanterna ele vasculha o lugar.

Existem quatro camas alinhadas. Duas de cada lado. As camas possuem corpo metálico e estão arrumadas. Ele caminha pela sala e vê um armário ao fundo. As portas do armário estão trancadas. O cansaço que ele sente é imenso e por isso resolve se dirigir a uma das camas para deitar um pouco. Ao se virar, sente um bafo quente atrás de si. Thomas dá um pulo para frente se virando a apontando ambos a lanterna e a pistola. Dois monstros surgiram do nada atrás de si, como se tivessem saído debaixo da cama. Apesar do susto, ele tenta manter o sangue frio e dá somente dois tiros. Um para cada, na cabeça. Aquela sala já não está mais segura e o odor fétido que exala daquelas criaturas também o obriga a seguir. Ele sai da sala e segue pela esquerda.

Após sobreviver a três ataques, Thomas começa a se sentir mais seguro e não toma mais tanto cuidado ao caminhar. Já anda com um pouco mais de velocidade. Tem confiança na arma que carrega. Uma outra sala surge do lado direito. Ele abre a porta, mas algo empurra a porta com força fazendo-o cair para trás, batendo as costas na parede do lado oposto do corredor. Alguma coisa com uma força tremenda golpeia a porta violentamente. Thomas fica paralisado sem saber o que fazer. Uma vez após a outra a porta recebe golpes violentos até que subitamente os golpes cessam. Ele respira fundo e começa a se levantar lentamente, olhando fixamente para a porta com o feixe da lanterna apontado para ela. A maçaneta gira e ele ouve um clique. Thomas aponta a pistola e dispara quatro vezes, perfurando a porta.

De pé diante da porta perfurada, Thomas aguarda por alguns instantes sem ouvir barulho algum. Ele resolve abrir a porta para verificar se aquela criatura está realmente morta. Respira fundo, pega na maçaneta gelada e gira. Ele ouve o clique e a porta começa a abrir. Mas assim que ele empurra um pouco a porta, algo a puxa bruscamente escancarando-a de vez. Thomas toma um susto imenso ao ver diante de si um monstro de proporções grotescas como ele jamais havia visto. Aquele mostro começou a fazer um barulho ensurdecedor e olhou para ele com os olhos vermelhos, como que em brasa. Não há muito o que pensar e Thomas imediatamente põe-se a correr com aquela besta em seu encalço. Enquanto corre, ele ainda dispara duas vezes tentando acertar o monstro, mas nada parece para aquele demônio.

Correndo o máximo que pode, usando todas as suas forças, ele consegue ver ao longe uma claridade muito suave e percebe que existe uma porta entreaberta no final do corredor. Do lado de fora uma luz suave brilha - O sol esta nascendo!!! - grita ele enquanto corre. A criatura possui uma força imensa e consegue correr a uma velocidade imensa e logo ela está muito próxima dele. O monstro dá um golpe, mas não consegue acertá-lo. Ele consegue sentir o vento deslocado pelo golpe que a fera desferiu. Um segundo golpe, porém, consegue acertar sua perna esquerda, fazendo-o tropeçar e cair. A arma solta de sua mão e escorrega parando a cerca de um metro de distância dele. Sua perna dói muito e ele não consegue se levantar. Thomas se arrasta, alcança a arma, vira o corpo rapidamente, mira a cabeça daquela criatura e numa fração de segundos ele sente todo o seu sangue gelar. O tempo ao seu redor parece desacelerar rapidamente até congelar. Ele consegue ver nitidamente aquela aberração voando em sua direção e aperta o gatilho. O terror toma conta dele ao perceber que a pistola não possui mais balas.

Aquele mostro que o perseguia, agora cai com tudo em cima dele. Com uma pata sobre seu peito, aquela besta faz um urro altíssimo e olha em seus olhos com um ódio incrível. O animal, suspende a outra pata e se prepara para lhe golpear quando Thomas se lembra de algo. Rapidamente ele dobra a perna para alcançar a faca que guardou presa à meia, puxa ela da bainha improvisada e a enterra com toda violência no pescoço daquela criatura. O monstro tomba para o lado num ato de desespero, se debate nas paredes do corredor e em poucos instantes seus movimentos reduzem-se apenas a respiração agonizante. Thomas desmaia.

O calor do sol bate no seu rosto fazendo-o despertar. Ele está completamente confuso e não sabe o que aconteceu. Thomas olha para o lado, vê a pistola e começa a se lembrar da noite terrível que passou. Sente dores no corpo todo e lentamente levanta-se. Ao olhar para frente ele não vê o corpo de um monstro, mas o corpo de um homem. Era um homem de grande estatura e forte. Tinha uma faca cravada em seu pescoço e seu corpo jazia numa poça de sangue. Thomas fica confuso e corre novamente, voltando para o lugar de onde veio. Na sala onde ele matou os dois monstros, haviam duas pessoas mortas. Ele começa a ficar desesperado e desce as escadas. O corpo de uma mulher está no térreo, ao pé da escada. Lágrimas escorrem de seu rosto e ele não entende o que está acontecendo. Começa a caminhar pelo lugar sem conseguir pensar direito e começa a ouvir um choro ao longe. Parece um choro de criança.

Ele começa a procurar a origem daquele choro e vasculha sala por sala, até que numa sala vazia, sem móveis, ele encontra uma garota encolhida no canto, chorando. Ela veste um vestido florido encardido e segura um ursinho azul, igualmente encardido. Thomas é tomado pela emoção e corre para abraçar aquela criança, completamente em prantos. Ele se abaixa e acolhe a criança em seus braços, apoiando a cabeça dela em seu ombro, dizendo que vai ficar tudo bem e que a levará para fora daquele inferno em segurança.

A polícia chega ao local e encontra corpos e muito sangue nos corredores e nas salas.
Numa sala sem móveis, no térreo, eles encontram um corpo. O corpo de um homem.

Ao lado do corpo, um urso de pelúcia encardido.

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PS. Neste conto tive a importante ajuda de um grande amigo aficcionado por militarismo, Rodrigo Lyra Aranha. Através de sua consultoria foi possível descrever as cenas de manipulação e uso de uma arma de fogo e de uma arma branca sem fugir da realidade.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Djinn



Gênio é a tradução usual em português para o termo árabe ”jinn | جن”, uma vez que na mitologia árabe pré-islâmica e no Islã, um jinn (também “djinn” ou “djin”) é um membro dos jinni (or “djinni”), uma raça de criaturas sobrenaturais. A palavra “jinn” significa literalmente alguma coisa que tem uma conotação de dissimulação,invisibilidade, isolamento e distanciamento. A palavra em português vem do Latim genius, que significa uma espécie de espírito guardião ou tutelar do qual se pensava serem designados para cada pessoa quando do seu nascimento. Portanto, o gênio é concebido como um ente espiritual ou imaterial, muito próximo do ser humano, e que sobre ele exerce uma forte, cotidiana e decisiva influência. A palavra latina tomou o lugar da palavra árabe, com a qual não está relacionada.

De acordo com a mitologia, os jinni foram criados dois mil anos antes da feitura de Adão e eram possuidores de elevada posição no paraíso, grosso modo igual ao dos anjos, embora na hierarquia celeste fossem provavelmente considerados inferiores àqueles. Deles é dito serem feitos de ar e fogo. Depois que Deus fez Adão, todavia, sob a liderança do seu orgulhoso líder Iblis, os jinni se recusaram a curvar-se perante a nova criatura. Pela sua má conduta, os jinni foram expulsos do paraíso, tornando-se entes perversos e asquerosos. Iblis, que foi atirado com eles na Terra, tornou-se o equivalente do Satanás cristão.

É curioso notar que na literatura hebraica, Lilith, a suposta primeira esposa de Adão, também foi similarmente punida por Deus pela mesma atitude: a recusa em se submeter ao homem. Convertida em demônio, Lilith passou então a infernizar a humanidade.

Na Terra, os jinni teriam adotado as míticas Montanhas Káf (que supostamente circundam o mundo) como seu lar adotivo. Todavia, sendo compostos de fogo ou ar e tendo a capacidade de assumir qualquer forma humana ou animal, os jinni podem residir no ar, no fogo, sob a terra e em praticamente qualquer objecto inanimado concebível: pedras, lamparinas, garrafas vazias, árvores, ruínas etc. Na hierarquia sobrenatural, os jinni, embora inferiores aos demônios, são não obstante extremamente fortes e astuciosos. Eles possuem todas as necessidades físicas dos humanos, podendo até mesmo serem mortos, mas estão livres de quaisquer restrições físicas.

Nem todos os jinni são casos totalmente perdidos. De alguns diz-se que possuem uma disposição favorável em relação à humanidade, ajudando-a quando precisa de ajuda, ou mais provavelmente, quando isto é conveniente para os interesses do jinn. Na maioria dos casos citados na literatura e no folclore, contudo, eles se divertem em punir os seres humanos por quaisquer atos que considerem nocivos, e são assim responsabilizados por muitas moléstias e todos os tipos de acidentes. Todavia, quem conhecer os necessários procedimentos mágicos para lidar com os jinni, pode utilizá-los em proveito próprio.
Já na cultura islâmica a abordagem dos Djinns é diferente. A crença nos Djinn era corrente na antiga Arábia, onde se dizia que inspiravam poetas e adivinhos. O próprio Profeta Muhammad temeu a princípio que as revelações divinas que lhe foram feitas pudessem ser obra dos Djinn. O fato de que posteriormente tenham sido reconhecidos oficialmente pelo Islamismo implica que eles, como os seres humanos, serão eventualmente obrigados a encarar a salvação ou a danação perpétua.


Os Djinn sempre foram figuras fáceis no folclore do norte da África, e nos países sob influência cultural islâmica eles também penetraram graças à literatura árabe (particularmente As Mil e Uma Noites) e às descrições do Corão.

No Corão, os Djinn são freqüentemente mencionados e a sura 72, intitulada Al-Jinn, é inteiramente dedicada a eles (sura ou surata é o nome dado a cada capítulo do Alcorão). Outra sura (Al- Naas) menciona os Djinn no último versículo. Realmente, é dito que o Profeta Muhammad foi enviado para ser o profeta de ambos, da “humanidade e dos Djinn”.

Os Djinn podem ser considerados gênios apesar de hoje em dia falar-se de vários espíritos com nome de Djinn. Na antiguidade acreditava-se que um Djinn era a reencarnação do Faraó. Segundo alguns historiadores egípcios o faraó que mais ligações possuía com estes seres era Akhenaton cujo nome inicial foi Amen-hotep IV. Este faraó tentou convencer os seus súditos a acreditarem num único deus: Aton. Este particular deus era representado pelo próprio faraó e não possuía qualquer imagem própria. Apesar de muitas pessoas pensarem que esta tentativa de Akhenaton devia-se ao fato de ele querer retirar o poder dos sacerdotes, existem também crenças de que esta nova religião estava inteiramente ligada aos Djinn. Aton seria assim, um Djinn que o faraó conhecera e venerara como a um deus, devido à capacidade de este conseguir realizar desejos.

Os Djinn possuíam características próprias como a sua capacidade de materializar objetos, comida ou outros, e a sua grande capacidade de viver mais tempo que os mortais. Os Djinn podiam caminhar no dia-a-dia por entre as pessoas comuns sem serem reconhecidos pois possuíam aparência humana. Pensa-se que tenha sido daí que a princesa Xerazade tenha tirado a idéia para relatar o primeiro conto de Aladin e de todos os outros contos sobre gênios que ela relatou. Os Djinn, segundo historiadores, eram seres que amavam o calor e dependiam do fogo.
Os tipos mais comum de Djinn são:
-Ghul: espíritos traiçoeiros que mudam de forma;
-Ifrit: espíritos diabólicos;
-Si’la: espíritos traiçoeiros de forma invariável.

Poderes Conhecidos
-Alterar a realidade: pode colocar as pessoas em uma realidade falsa por tocá-los;
-Intoxicação pelo Toque: Eles podem envenenar qualquer pessoa que quer apenas tocá-los;
-Força sobre humana: eles são infinitamente mais fortes que os humanos;
-Homem disfarçado: Djiins pode passar como seres humanos.
-Distorção da realidade: Transformam a realidade de um terceiro naquilo que desejarem – o famoso “conceder desejos”


Fonte : Ah Duvido

sexta-feira, 14 de março de 2014

As pessoas e os seus cortes.



A vida faz parte de um ciclo maior do que pensamos, isso envolve ações, pensamentos, objetos, trajetos, sonhos, conquistas e derrotas a vida é como o universo por mais que venhamos a tentar conhece-la por completo, ela apresenta novos mistérios, só se pode fazer a analise da vida quando a mesma chega ao fim, dessa forma tiramos as conclusões se foi boa, ruim, ou qualquer outro adjetivo que você queira oferecer...afinal a vida é sua mesmo. Temos pouco tempo vitalicio, isso você já sabe caro leitor, então para fazer com que esses nossos deleites sejam atendidos e nossa vida não seja miserável e desolante algumas vezes ( ou sempre ) queremos que tudo seja feito a nossa vontade, porque sinceramente quando é do nosso jeito é sempre melhor, deixe-me contar uma historia de um homem chamado Procusto...Procusto era um ladrão que vivia de roubar quem passasse pela estrada que ligava Mégara a Atenas, só poderia cruzar seu caminho quem passasse por um terrível julgamento, o bandido possuía uma cama de ferro de seu tamanho exato, nenhum centímetro a mais ou a menos, onde ele fazia sua vítima deitar-se, se a pessoa fosse maior que a cama amputava-lhe as pernas, se fosse menor era esticada até atingir o tamanho desejado. Esse horror só teve fim quando o herói Teseu fez a ele o mesmo que ele sempre fazia às suas vítimas, colocou-o na cama, mas um pouco para o lado, sobrando assim a cabeça e os pés que foram amputados pelo herói.
Em diversas situações agimos dessa forma colocando nossos amigos, conhecidos, colegas seja la oque for e colocamos sob uma cama e cortamos...sim CORTAMOS, pessoas se machucam desse jeito o tempo todo por ações de outras querendo molda-las, ninguém tem o direito de mudar ninguém.
Todas as pessoas erram e qualquer um está sujeito a "síndrome de Procusto" mas se me permite lhe dizer, erros não são reparados com palavras entende ? Se você falha com alguém não basta pedir desculpas e seguir a sua vida como se aquilo nunca tivesse acontecido, quando se trata de machucar alguém importante as coisas são mais delicadas, talvez a melhor opção seja recomeçar, mas recomeçar pra valer mesmo. Compreende ? Não importa o quão belas forem suas palavras se ações não forem realizadas de nada adianta, quando se quebra um vaso você tem que colar as peças e não dizer "vaso conserte". Se temos um Procusto por lei devemos ter um Teseu e se não o tivermos o façamos existir, força de vontade conta muito nesse momento. Eu não desprezo o valor das palavras elas tem um papel importante afinal ninguém sabe ler pensamentos e se você faz a merda e começa a tratar a pessoa bem no dia seguinte é claro que vai ser estranho...muito estranho.
Então caro leitor dessa vez lhe entrego esse texto simples mas com algumas reflexões eu espero ter ajudado você ou ter ao menos lhe dado parte do que procurava não esquece comentar se tiver algo para acrescentar ou se percebeu alguma lacuna isso ajudaria bastante, até a próxima.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Inimigo: Eu [Parte 4]



O homem de sobretudo preto fugia pelo deserto e Daniel ia atrás. Diferente do deserto que ele leu num certo livro, aquele era desprovido de tudo: era apenas a brancura do nada e a linha do horizonte. Ele gritava para que aquele homem parasse, mas ele corria sem sequer olhar para trás. Subitamente o homem dá um salto, abre o braços e desaparece no chão. Daniel corre para o local para entender o que aconteceu e quase cai no precipício que surgiu a sua frente. Ele se ajoelha e apoia as mãos no chão.

Ele respira fundo, olha ao seu redor e finalmente percebe que está cercado pela brancura daquele lugar. Ele imagina que só pode estar sonhando, mas a sensação de estar ali é extremamente real. O Sol brilha forte no céu e ele pode sentir o seu calor na pele. Não há sequer uma nuvem. O chão é formado por uma areia que ele nunca viu antes, de uma brancura incrível e extremamente fina. Não está ventando. Ele se levanta e volta a olhar para frente. Onde antes não havia nada, agora há uma estrada. Uma estrada que se estende até onde a visão alcança. Ele está de pé, no meio desta estrada.

Ele começa a caminhar, mas não perece ter a sensação de se mover, já que a paisagem não muda ao seu redor. Ele sente uma sede absurda e não há lugar algum onde ele possa arranjar um pouco de água para beber. Em certo momento ele consegue ver algo na estrada. Um objeto um pouco brilhante. O Sol ofusca-lhe a visão e dificulta-lhe a ver, ao que ele deve se aproximar mais para enxergar. Ao aproximar-se ele não consegue acreditar no que vê. No meio da estrada está uma bandeja prateada com um lenço branco, muito limpo. No meio da bandeja há um copo. Um copo cheio de água gelada. Ele sabe que está gelada porque o copo está suado pelo lado de fora e dentro dele ele pode ver dois cubos de gelo ainda inteiros.

Daniel contempla aquele copo gelado na sua frente durante bastante tempo. Tempo bastante para os dois cubos de gelo derreterem. Ele não consegue acreditar que aquele copo estava ali. Quem colocou aquele copo ali? Sua sede, entretanto era tanta que ele não aguenta, se abaixa para pegar o copo e bebe. A água gelada toca sua língua mas não desce para sua garganta. Ao passar por sua língua ela simplesmente desaparece. Tomado de raiva, ele atira o copo ao chão, mas ele não chega a quebrar, ele some, junto com a bandeja. Daniel se joga ao chão de braços abertos, fecha os olhos e começa a chorar de desespero.

Uma leve brisa começa a tocar seu rosto. Logo depois ele sente algo frio tocar sua mão direita, ele abre os olhos e vê que agora ele está deitado na beira de uma praia. Uma onda se quebrou  e avançou pela areia até alcançar sua mão. Ele se levanta. O Sol já não está mais tão alto no céu e a temperatura está bem mais amena. Ele começa a caminhar pela beira da praia. Ele ainda tem bastante sede e sente fome também. A praia tem uma faixa de areia bastante longa, que se estende até o horizonte, e nada mais pode ser visto além da água e da areia.

O Sol está se pondo quando ele consegue ver ao longe a silhueta de uma porta. Ele parece não acreditar no que vê e corre para se aproximar daquela visão. De pé na areia, sem nenhuma parede a sustentar-lhe está uma porta de madeira branca. Apenas o portal e a porta fincados firmemente na areia. Ele dá a volta e vai para o outro lado, mas quando ele faz isso a porta some. Esta misteriosa porta só pode ser vista de apenas um lado. Ele volta para o lado visível da porta.

Daniel ri consigo mesmo daquela situação ridícula e fica imaginando porque não consegue acordar. É claro que ele está sonhando. Uma porta no meio da areia!? O que falta aparecer agora, um pistoleiro e algumas lagostas gigantes? - Porra! Eu já li esse livro! Me deixe em paz! - grita ele para o céu, sem obter nenhuma resposta. Ele senta na areia e fica contemplando a porta durante bastante tempo, até anoitecer. -Isso é ridículo! - diz ele para si próprio. Levanta e caminha decidido. Ele gira a maçaneta e abre a porta.

***
Rafael fica estarrecido com o que vê e não consegue entender qual a relação de seu amigo com o acontecimento  bizarro no complexo de celas. Entretanto, as imagens são indiscutíveis e provam que Daniel foi a última pessoa que esteve próximo de Hecktor antes do incidente. Ele resolve fazer uma cópia das imagens em seu celular e as apaga do servidor. Quer apurar os fatos ele mesmo. Ele sai da sala e segue para o arquivos de evidências.

- Boa noite, Jeanne! - diz ele assim que entra.
- Boa noite Sr.Rafael - responde a moça sentada à mesa na entrada do arquivo.
- Gostaria de dar uma olhada em um arquivo.
- De qual caso? - pergunta ela olhando para ele por cima da lente do óculos.
- Do caso de Matteus Hecktor, 2005. Ele foi indiciado por estupro. - diz ele olhando para as anotações no celular.
- Interessante, seu amigo veio aqui dias atrás procurando pela mesma coisa. - diz ela apontando-lhe com a caneta.
- Que amigo? - pergunta ele levantando a sobrancelha.
- Aquele perito, Daniel. - diz ela enquanto olha a localização física do arquivo numa planilha em seu computador. Rafael não diz mais nada. - Aqui está! - diz ela - Corredor 9, estante 5. A caixa está lá.

Rafael entra na sala e vai até o local indicado. Após um pouco de procura ele consegue localizar a caixa. Ele a pega e leva até uma mesa metálica presente na sala. Ele afasta a cadeira, senta, direciona a luminária para iluminar a caixa e a abre. Confere tudo o que tem dentro e vê que aparentemente está tudo em ordem, exceto por um detalhe. Um dos saquinhos plásticos de evidências tem uma etiqueta onde está escrito "Amostra de fios de cabelo", porém ele está vazio.

Rafael agora vê que, realmente, a prisão de Hecktor foi um engano, mas ele não consegue entender o motivo. Ele coloca a caixa no lugar, sai da sala, agradece Jeanne e se dirige à saída do edifício para pegar seu carro. Ele pega o telefone e liga para Daniel, mas seu número cai na caixa. Ele então resolve dirigir até a casa do amigo para tentar conversar com ele e entender o que está acontecendo.

***
Do outro lado da porta, Daniel vê seu apartamento. Já é de noite e as luzes estão todas apagadas, mesmo assim ele consegue ver por causa da luz da rua que entra pela janela. Ele atravessa a porta, que se fecha atrás de si e desaparece. O silêncio total impera e ele resolve acender a luz. Ele vê que a garrafa de whisky não está sobre a mesinha de centro da sala. Ele se lembra que Rafael a colocou no armário da cozinha. Ele vai até lá para conferir e se sente aliviado quando encontra a garrafa lá. Daniel dá uma volta pelo apartamento e percebe que as coisas estão em seu devido lugar. Ele volta para a porta da frente e abre. A visão do corredor do prédio o deixa mais tranquilo. Ele fecha a porta e volta para seu apartamento.

Uma filete bem fino de luz entra pela janela de seu quarto. Da sala Daniel consegue ver este filete bem fino iluminar a parede do quarto. Ele fica desconfiado, já que ainda é de noite e vai lá para verificar o que é, andando devagar e com cuidado ele vai até a janela. Primeiramente ele tenta olhar pela fresta da cortina, mas a luz que entra é muito forte e lhe ofusca completamente, ele resolve então abrir um pouco da cortina. Ele pode ver que lá fora, ao invés da rua, está um grande deserto branco. O Sol forte brilha lá fora. Subitamente a janela desaba em sua frente, assim como todas as paredes ao seu redor com um estrondo forte. Ele se assusta com aquilo e se encolhe, mas logo o barulho cessa e ele está novamente no deserto branco, agora, porém, ele vê ao longe uma figura de preto correr em sua direção. Ele leva a mão à cintura e segura firme em sua arma.

O homem de sobretudo preto fugia pelo deserto e Daniel, agora, estava à sua frente com a arma engatilhada. Por um instante ele exita, mas logo desfere-lhe 3 tiros no rosto inexistente. O homem de sobretudo permanece ali em sua frente, imóvel.

Daniel começa a acordar. Sua consciência voltando aos poucos. Sua visão ainda esta embaçada e sua audição não esta muito melhor. Sua cabeça dói e ele sente uma chuva fina lhe cair ao rosto. Duas luzes brilham próximas de si, do lado direito. Quando sua visão retorna, ele percebe que já anoiteceu e que está de pé numa rua deserta mal iluminada, com o braço estendido, segurando uma arma. A arma ainda esta fumegando. Diante de si jaz, inerte, um corpo.

Um corpo deitado sobre uma poça de sangue, com um furo na testa.

O corpo de Rafael.

[Continua...]

quinta-feira, 6 de março de 2014

Inimigo: Eu [parte 3]



Daniel passa a noite acordado pensando nos dedos que encontrou no congelador. Como eles foram parar ali? Será que ele estaria enlouquecendo? Teria ele um lado sombrio e inconsciente? Ele sempre se sentiu horrorizado com as coisas que seu trabalho o faziam confrontar, não conseguia se imaginar praticando as coisas que investigava. Seus pensamentos são interrompidos de forma brusca pelo barulho estridente de sua campainha. Daniel mal se dá conta que já amanheceu e o Sol brilha forte através do vidro de sua janela. Ele levanta e vai verificar quem é pelo olho mágico da porta. É Rafael.

- Daniel!? - grita o amigo, mas nada é ouvido como resposta - Eu sei que você está aí, to vendo a porra da sua sombra pela fresta de baixo da porta.
- Merda! - diz Daniel bem baixo para si próprio. Ele abre a porta. 
- Porra, cara, tentando me enganar assim? - diz Rafael empurrando a porta e entrando - Porque você ainda tá de pijama? Vamos logo, assim vamos nos atrasar!
- O que você está fazendo aqui? - pergunta Daniel um pouco desconcertado.
- Vim verificar uma coisa aqui perto e decidi passar aqui para irmos juntos, oras, porque? Tem algum problema?
- O que? Não, não... Problema nenhum - responde ele com a voz um pouco trêmula.
- Vai se arrumar logo que eu te espero. - diz Rafael pegando a garrafa de whisky na mesa de centro. Daniel vira-se para ir ao quarto mas percebe que o amigo está se dirigindo para a geladeira. 
- Vou roubar um cubinho de gelo pra tomar um gole desse whisky. - diz Rafael já abrindo a porta. - Que porra é essa? - grita ele. Daniel fecha os olhos pois pode imaginar o que acaba de acontecer.
- Seu congelador tá tomado de gelo, cara. Não tem condições de pegar nada aqui! - Daniel olha para o congelador e percebe que ele está tomado de gelo, não sendo possível ver nada em seu interior.
- Deixe pra lá. Tá muito cedo pra tomar bebida mesmo. - diz Rafael fechando a geladeira e colocando a garrafa dentro do armário. Daniel respira aliviado. Logo ele está pronto e os dois saem para o trabalho.

Os dois vão para a sala de Daniel primeiro para pegar um notebook, depois vão para a sala de reunião.
- Então - diz Rafael pegando o pincel atômico e dirigindo-se para o quadro branco - Temos dois casos aqui com uma semelhança muito grande no modus operandi. No primeiro caso, a vítima... nós já temos o nome dela? - pergunta ele para Daniel apontando-lhe o pincel.
- Sim, Anna Tate. Ela era recepcionista de um salão de beleza. - responde Daniel olhando no computador.
- Certo. - diz Rafael, escrevendo o nome dela no quadro. - A outra eu me lembro bem, Camila Perkins. - diz ele também escrevendo o nome dela no quadro ao lado do outro nome. Rafael faz uma pequena tabela no quadro para iniciar o comparativo entre os dois casos. - No primeiro caso, a cena do crime estava impecável. você não encontrou nada relevante lá, não é? - pergunta ele, sem receber resposta. Rafael vira-se e vê Daniel cochilando em frente ao computador. - Porra, Daniel! Presta atenção! - Daniel toma um susto.
- Desculpa, cara, eu dormi mal ontem de noite. Tô extremamente cansado. -  diz ele passando a mão no rosto. - Preciso lavar o rosto e tomar um café.
- Tudo bem, vá. Mas deixe o computador aí, vou continuar a análise sozinho por enquanto.
- Ok. - diz Daniel já se levantando. Ele sai da sala e entra no banheiro masculino. Debruça-se sobre a pia, abre a torneira e começa a jogar água no rosto. Ele olha para seu reflexo e começa a se lembrar dos dedos que encontrou mais cedo em seu congelador. Aquilo não fazia o menor sentido. Será que ele estava enlouquecendo?

Daniel resolve sair do prédio e dar uma volta. Entra no carro e segue aparentemente sem rumo, absorto em seus pensamentos. Num dado momento ele vê uma placa de um consultório psicológico e pensa de talvez um profissional possa ajudá-lo a entender o que está acontecendo, mas ele não pode falar abertamente as coisas que estão acontecendo. Mesmo assim, resolve tentar. Ele estaciona o carro em frente e entra na recepção.

- Bom dia, Senhor! - diz uma moça bonita atrás do balcão. - Em que posso ajudá-lo?
- Preciso ver o psicólogo. - diz Daniel apoiando os dois braços no balcão.
- O Senhor marcou horário? - pergunta a atendente olhando para ele com uma sobrancelha suspensa.
- Não... desculpe, não marquei. É uma emergência.
- Olha, Senhor, me desculpe, mas a doutora só atende com hora marcada. Nós temos uma agenda! - responde ela apontando para a tela do computador ao seu lado.
- Eu sei, Jéssica - diz Daniel olhando para o nome dela escrito num broche dourado preso à blusa. - Olha. Me desculpa pela insistência, mas eu realmente estou precisando muito falar com o psicólogo. Eu pago o valor que for necessário. - diz ele já tirando a carteira do bolso.
- Só um minuto. Vou ver o que faço pelo Senhor. - diz ela suspirando voltando-se para o computador. - Parece que está com sorte. Temos uma desistência aqui. Posso te encaixar.
- Muito obrigado! - diz Daniel já andando em direção à porta.
- Calma aí! - diz a atendente estendendo-lhe a mão. - O Senhor não pode entrar agora. Tem um paciente em consulta. Aguarde sua vez, por favor.
Daniel suspira impaciente, mas vai até o sofá da recepção e se senta para aguardar.

Finalmente chega sua vez. Ele se levanta imediatamente e entra na sala.

- Bom dia! - diz a psicóloga, uma senhora de estatura mediana com cabelos grisalhos. Ela aponta para a cadeira à frente de sua mesa. Daniel entende que deve se sentar.
- Bom dia, doutora. - diz ele com um sorriso no canto da boca.
- Algo engraçado Senhor... - pergunta ela franzindo os olhos.
- Daniel... Meu nome é Daniel. - responde ele meio desconcertado - Não, não. Nada de engraçado. Desculpe. É que eu fiquei falando lá fora que queria ver o psicólogo e a Senhora é mulher.
- Sim. Eu já tinha notado que sou uma mulher. Obrigada. Algum problema com isso, Senhor Daniel?
- Não... Problema algum. Eu que lhe peço desculpas. Que bobagem a minha.
- Tudo bem. Vamos conversar? - diz ela apontando para o divã. Daniel se deita e a médica começa.
- Vamos lá. Me diga o que está acontecendo. - pergunta a médica sentando-se ao lado do divã com um bloco na mão. Daniel consegue ouvir o click da caneta que ela acabou de apertar.
- Então, doutora. - começa ele apertando as mãos uma contra a outra - Não tenho conseguido dormir direito e quando durmo tenho pesadelos horríveis e tenho visões desconcertantes também sempre com um homem vestido de preto. Diariamente tenho a sensação de que estou sendo vigiado e isso está começando a me afetar no trabalho.
- E o que o senhor faz? - pergunta a médica ajeitando o óculos.
- Sou perito criminal.
- Entendo, - diz ela anotando algo na prancheta que segura - me dê só um instante, por favor. - pede ela enquanto se levanta e sai da sala. Daniel observa a mola fechar a porta do consultório com um click suave.

Muito tempo se passa e a médica ainda não havia retornado. Daniel acha estranho e resolve verificar o que aconteceu. Ele se levanta e se dirige até a recepção. Ao abrir a porta, ele encontra a médica morta no chão próximo da porta e a atendente estrangulada, deitada sobre a mesa. Ele se desespera e tenta fugir, mas assim que levanta a cabeça,  ele se depara com o homem de sobretudo preto parado em sua frente, o mesmo homem que o tem visitado nos sonhos. O homem estende a mão em sua frente e aponta para trás de Daniel, sobre seu ombro. Ele olha para trás e vê a si mesmo de pé, olhando para o chão com uma arma na mão. Subitamente ele acorda em seu carro, em frente ao consultório. Ele resolve sair do carro e entrar no consultório. 

- Bom dia, Senhor! - diz uma moça bonita atrás do balcão. - Em que posso ajudá-lo?
- Preciso ver o psicólogo. - diz Daniel apoiando os dois braços no balcão.
- O Senhor marcou horário? - pergunta a atendente olhando para ele com uma sobrancelha suspensa.
- Não... desculpe, não marquei. É uma emergência.
- Olha, Senhor, me desculpe, mas a doutora só atende com hora marcada. Nós temos uma agenda! - responde ela apontando para a tela do computador ao seu lado.
- Eu sei, Jéssica - diz Daniel olhando para o nome dela escrito num broche dourado preso à blusa. Neste momento Daniel sente um frio na espinha, pois percebe que tudo que acabou de acontecer, foi exatamente como o sonho que ele acabara de ter. Ele não diz mais nada. Simplesmente vira-se de costas e sai do prédio.

Rafael, em sua análise, desconfia que de alguma forma Hecktor foi incriminado. Principalmente devido ao fato de que a cena do crime não estava da mesma forma que no outro crime. Além disso, o fato de não encontrarem a arma do crime, nem o dedo decepado, fora o fato de que não há evidências de que Hecktor tenha habilidade para decepar um dedo humano de forma tão habilidosa. Mas como ele poderia provar que um erro foi cometido? Esse pensamento consome Rafael durante muito tempo.

Rafael decide verificar os arquivos da câmera de segurança do complexo de celas. Nas imagens do dia do suicídio ele vê o segurança saindo e logo depois alguém entrando. Na primeira câmera a pessoa aparece de costas, então ele espera que a pessoa entre no enquadramento da segunda câmera, mais adiante no corredor. O que ele vê, entretanto, o deixa confuso. Depois que a pessoa sai do quadro da primeira câmera, no quadro da câmera seguinte aparece um homem vestindo um sobretudo preto. Neste momento a imagem da câmera começa a tremer e um borrão aparece no lugar do rosto. O homem para diante da cela de Hecktor e ali fica sem esboçar reação alguma. Momentos depois ele se vira e sai, mas desta vez quando ele sai do quadro e retorna para a primeira câmera, Rafael consegue ver claramente. 

Daniel esteve lá.

(Continua...)

quarta-feira, 5 de março de 2014

Corre, porra!


Está tudo escuro. Escuro e silencioso. Um ponto brilhante pode ser visto bem longe, um ponto que está aumentando de tamanho e junto com ele um barulho estranho. Parece que tem alguém gritando - Levanta!! Levanta!!

Lucas abre os olhos e vê diante de si sua melhor amiga, suja de barro, puxando-o pelo braço tentando fazê-lo levantar. Alguma coisa explode perto deles fazendo Ângela cair ao chão tossir um pouco com a poeira que levanta. - Corre, porra!!! - diz ela levantando-se e voltando a puxar Lucas pelo braço. Desta vez, já completamente desperto ele levanta-se rapidamente e os dois seguem correndo, com dois homens em seu encalço.

A construção que estavam usando como esconderijo, uma casa de dois andares abandonada, desaba atrás deles fazendo um barulho ensurdecedor. À frente deles, a visão de uma área completamente aberta os faz sentir um pouco de terror. Sem proteção, logo eles seriam alvo daqueles que os perseguem. Barulhos de tiros são ouvidos atrás de si. Ângela consegue até ouvir as balas passar zunindo por seus ouvidos e por isso corre o mais rápido possível.

- Rápido, vamos entrar naquele tubo! - diz Ângela apontando para uma vala há cerca de 100 metros com um tubo de grande diâmetro aparente.

Os dois pulam na vala e rapidamente adentram no tubo. O tubo é grande o suficiente para que os dois entrem meio abaixados. Apesar do chão estar completamente seco, parece que aquela tubulação servia como parte de um sistema de esgoto. Eles seguem por cerca de 500 metros tubulação adentro e à medida que avançam o ambiente fica cada vez mais escuro. Os dois homens seguem em seu encalço, mas agora eles não atiram mais, mas seguem em silêncio, o que preocupa Lucas e Ângela pois agora por causa do escuro eles não tem mais noção da distância que os separa de seus perseguidores.

Um pouco mais adiante o tubo onde estão fica subitamente maior e eles acabam em uma galeria muito grande onde podem se ver vários outros tubos.

- Sim, acho que isto é ou era um sistema de esgotos - diz Lucas acendendo a lanterna de seu celular e iluminando as paredes ao redor.
- Vamos, temos de seguir por um destes tubos, assim vai ficar mais difícil aqueles dois nos encontrar - diz Ângela balançando a mão indicando para Lucas seguir em frente.

Eles resolvem pegar o terceiro tubo da esquerda. Ângela olha para trás, mas não consegue ver os dois homens. Continuaram correndo. Após algum tempo eles notaram que o chão começava a apresentar uma umidade cada vez maior e um cheiro muito forte de podre. O cheiro fica cada vez mais forte beirando o insuportável, mas eles não podem voltar atrás.

- Ângela! Olha isso! - diz Lucas apontando para a parede à sua direita, onde pode-se ver uma porta de ferro.
- Não tem jeito - diz Ângela -  Temos que passar por esta porta. Se continuarmos por aqui vamos acabar morrendo com este mal cheiro.

Lucas empurra a porta e com um pouco de dificuldade ela se abre, revelando não uma passagem, mas uma sala. A sala não é muito grande. Dentro dela há alguns materiais de limpeza, uns panos, mas tudo extremamente velho e certamente imprestável. Tudo está muito sujo. Ângela testa o interruptor na parede e incrivelmente uma luz se acende no meio da sala.

-Você está louca? Apague isso!! - diz Lucas indignado. - Quer que eles nos achem?

Lucas encontra uma barra de ferro e a atravessa na porta para impedir que ela abra novamente. - Pronto, agora estamos seguros - diz.

Ângela senta-se no chão completamente exausta e passa a desdobrar um papel que tirou do bolso da calça. - Aqui! - diz ela apontando para o papel - Ilumine aqui, por favor. - Lucas aponta sua lanterna para o papel.

- Não sei onde você estava com a cabeça quando resolveu pegar esta porcaria. - diz Lucas balançando a cabeça negativamente.
- Meu querido, isto daqui é uma prova de que Glocke foi real! - responde Ângela.
- Como assim? O que é esta tal Glocke? - pergunta Lucas sentando-se próximo de Ângela e passando a olhar o papel com mais cuidado.
- Você bem sabe que os nazistas adoravam fazer experimentos de natureza muitas vezes bizarra e contraditória - diz ela. - Além daquelas histórias de transplante de cabeça entre seres vivos, existe uma história também sobre uma tal máquina do tempo nazista.
- Máquina do tempo? - diz Lucas franzindo a testa e levantando a sobrancelha.
- Sim - responde ela - Uma máquina do tempo.
- Mas isso não é possível! Não existe uma forma de fazer a viagem no tempo possível por questões lógicas.
- Calma, Lucas. Eu vou explicar. - diz Ângela pondo a mão no ombro de Lucas enquanto dá um sorriso e continua - Durante Segunda Guerra, os nazistas estavam aparentemente procurando por um tipo de arma extremamente letal. Alguns especialistas afirmam que certos textos nos sânscritos antigos indicam que o povo daquele tempo possuíam armas que se pareciam com nossas armas nucleares...
- Mas o que isso tem a ver com máquina do tempo? - interrompe Lucas.
- Deixa eu terminar. Este assunto está conectado no próximo.
- Hum - murmura Lucas girando a mão indicando a Ângela para prosseguir.
- Como eu estava falando, os nazistas fizeram algumas viagens arqueológicas e científicas para a Índia e África. Existem dúvidas a respeito disto, mas parece muito claro que eles estavam buscando informações sobre estas armas poderosas do passado objetivando reproduzi-las. Em fevereiro de 1942, numa conferência secreta, o físico alemão Werner Heisenberg...
- O mesmo do Princípio da Incerteza? - perguntou Lucas.
- Sim, ele mesmo. - respondeu Ângela fuzilando Lucas com um olhar raivoso pela nova interrupção.
- Ele - prosseguiu ela - citou a construção de um reator nuclear que objetivava controlar a fusão e converter urânio em plutônio. Então quando parecia que Hitler estava perto de construir uma bomba atômica, os alemães simplesmente pararam de tentar, misteriosamente. Não se sabe exatamente o que aconteceu, mas, ou os cientistas ficaram com medo do que Hitler poderia fazer com aquilo ou então eles foram pesquisar algo mais interessante e é aí que entra o Glocke.
- Aleluia! Agora sim! - disse Lucas rindo e levantando as duas mãos espalmadas para o alto.
- Seu besta - retrucou Ângela balançando a cabeça e continuando - Existe um vale na Polônia onde se ergue uma estrutura de concreto que lembra Stonehenge. Esse vale foi tomado pela SS e transformado numa instalação industrial secreta de pesquisa e desenvolvimento. A estrutura de concreto, dizem alguns, servia como base para uma torre de resfriamento de uma mina de carvão, mas sinceramente, o alto comando alemão não iria despender tantos recursos  militares se aquele vale tivesse somente uma usina energética...
Um barulho interrompe a narração da história e assusta Lucas que direciona o feixe da lanterna para a direita, onde pode-se ver um rato morto que acabara de cair. Ele levanta o feixe da lanterna e consegue ver que acima do rato, no teto, existe um buraco com uma escada extremamente enferrujada. Bem acima é possível ver uma luz. Talvez aquilo fosse uma saída, mas agora ele quer terminar de ouvir a história de Ângela.
- Não foi nada - diz ele - prossiga com sua explicação.
- Então... - diz Ângela suspirando - Esse projeto, Glocke, foi o melhor projeto secreto do terceiro Reich. Esse negócio era tão secreto que ninguém está certo de que Hitler tinha conhecimento dele. Existe até um relato num livro de Henry Stevens de que eles mataram todos os 60 cientistas que estavam trabalhando no projeto e queimaram seus corpos num vala comum para evitar que a informação vazasse.
-Die Glocke, ou O Sino - prosseguiu ela - era um aparato em forma de sino. Alguns esboços que foram encontrados, retratam O Sino como tendo um revestimento cerâmico e metal, tendo cerca de 3 ou 4 metros de altura e 2 metros de diâmetro. Esse dispositivo continha dois cilindros que giravam em direções opostas, cheios de uma substância com aparência próxima do mercúrio, mas com uma cor violeta. Este metal líquido era chamado de "Xerum 525". Eles também usavam outros elementos, incluindo peróxido de berílio. Quando ativada, essa máquina gerava um forte campo eletromagnético e emitia muita radiação, o que supostamente acabou com a vida de alguns cientistas, matou plantas e animais nas redondezas no seu primeiro teste. Esta forte radiação e eletromagnetismo resultavam numa força antigravitacional, que era o princípio de propulsão do Sino.
- Sim, - interrompe Lucas - então esse negócio flutuava?
- Os relatos indicam que ele tinha capacidade para tal, mas nunca chegou a voar de fato, embora tenha acontecido algo muito estranho alguns anos depois do fim da Segunda Guerra.
- O que aconteceu? - pergunta Lucas curioso.
- Calma que eu chego lá. - mostrando a mão espalmada pedindo calma - Os relatos se dividem a respeito da real função deste tal Sino que estava sendo projetado pelos nazistas, mas há algo que indica que ele tinha a capacidade de se deslocar no tempo.
- Ah, não! - diz Lucas balançando o dedo indicador - Viajar no tempo é algo impossível, Ângela!
- Você não tem como saber! Você por acaso é físico? - pergunta a moça levantando uma sobrancelha.
- Não, eu não sou físico. Nem preciso ser para saber que o universo está em movimento constante. A Terra gira em torno de si mesma e ao redor do Sol, que por sua vez também gira ao redor do centro de nossa galáxia, num de seus braços. Nossa galáxia também se desloca no espaço, assim como todas as outras, num movimento remanescente do Big Bang.
- E daí? - pergunta Ângela.
- Como assim, "E daí"? - pergunta ele franzindo a testa. - É muito mais do que óbvio! Veja. Se você se desloca no tempo, você permanece no mesmo local do espaço, enquanto tudo a sua volta permanece em movimento. Note que quem se desloca no tempo é você, logo, enquanto para você a viagem é algo instantâneo, para o resto do universo você simplesmente desaparece e só reaparece num momento no futuro. A grande questão é: Onde você vai aparecer?
- No mesmo lugar, seu idiota! - diz ela fazendo cara de nojo.
- Exatamente, no mesmo lugar...
- Na sua sala! - interrompe a moça.
- Negativo! - rebate ele - No momento em que você desaparece, o planeta Terra segue sua viagem, enquanto que você permanece no mesmo ponto do espaço. Quando você reaparecer, a Terra já estará bem distante do lugar original e você vai se encontrar no vácuo do espaço, ou então dentro de uma estrela. Lembre-se. Todo o universo está em movimento, Ângela.
- Tá. Eu entendi sua teoria. Mas como você explica o que aconteceu em Kecksburg em 1965?
- O que aconteceu?
- Era a história que eu ia contar. Em 1965, uma bola de fogo muito grande foi vista por centenas de pessoas em pelo menos seis estados dos EUA. Na época a mídia em geral considerou que o evento tivesse sido causado por um meteoro. Entretanto, os habitantes da pequena vila Kecksburg alegaram ter visto algo caindo na floresta. Um garoto disse que viu um objeto pousar, sua mãe falou ter visto fumaça azul e alertou as autoridades. Outros habitantes da vila, incluindo voluntários do departamento de bombeiros relataram ter encontrado um objeto em formato de noz, do tamanho de um fusca e que em seu corpo haviam escrituras que lembravam hieróglifos egípcios. As testemunhas também relataram uma intensa movimentação militar no local e que o exército removeu o objeto do local com um caminhão.
- Sim, Mas qual a relação desse objeto com o tal Sino?
- No final da Segunda Guerra, o Sino simplesmente desapareceu. Houve rumores de que ele foi destruído, mas o relato do evento de Kecksburg levanta essa dúvida ainda mais porque o objeto tinha a aparência muito próxima ao Sino, já que uma noz tem o formato de sino invertido.

Um barulho forte é ouvido do lado de fora e interrompe a narrativa da moça. Eles percebem que tem alguém tentando arrombar a porta. Rapidamente, Lucas mostra a escada para Ângela e os dois sobem o mais rápido que podem. Ao chegar ao topo, assim que suspendem a pesada tampa de ferro e saem, eles percebem que estão cercados de homens armados, todos vestidos de preto. Mas sua roupa não era de um preto comum. A superfície da roupa tinha uma espécie de brilho incomum. Era um tipo de tecido que eles não tinham visto ainda. Um deles se aproxima e aponta para o papel que está na mão de Ângela. Ela para por um instante e olha para Lucas, que lhe devolve o olhar e levanta os ombros indicando que eles não tem escolha. Ângela estende a mão e o homem pega o papel de forma brusca. Os dois fecham os olhos e se abraçam esperando pelo pior mas tudo que ouvem é um silêncio quase ensurdecedor. Ângela abre os olhos e passa a sacudir Lucas sem dizer nada. Lucas abre os olhos e não consegue acreditar no que vê.

Os dois estão ajoelhados no meio do deserto, completamente sozinhos.

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Dos elementos citados no texto: